Iniciando a programação do palco
indie do festival Planeta Terra, a dupla Brothers Of Brazil, formada
pelos irmãos Supla e João Suplicy, veio ao palco às 16h30 mostrar a
mistura de música brasileira e toques punks que apelidaram de "bossa
furiosa".
O público ainda era pequeno, dividido entre fãs
autênticos, alguns deles já bastante familiarizado com o repertório, e
os que apreciavam o humor, proposital ou não, de Supla. Ainda assim, a
dupla demonstrou carisma e segurança, tanto nas músicas próprias quanto
na eclética seleção de covers,que ia de Ramones ("I Just Wanna Have
Something To Do") a Marisa Monte ("Você Não Entende Nada").
Em
seguida, tocou o trio paulistano Curumin, que apesar da competência da
banda e de sua interessante mistura de música brasileira com
programações eletrônicas, hip hop (destaque para a versão do clássico
"The Message" do rapper novaiorquino Grandmaster Flash) e dub, foi
vítima da programação do evento.
Tendo que competir com a
apresentação do Vanguart no palco principal, se apresentou para ainda
menos gente do que os irmãos durante os primeiros 25 minutos. Até que
com o fim do show concorrente, o palco indie recebeu um verdadeiro
êxodo, permitindo ao Curumin encerrar a apresentação de cerca de uma
hora com algum clamor do público.
Cinco minutos após o horário
anunciado das 19h30, começou a apresentação da banda norte-americana
Animal Collective, primeira atração internacional da noite. Isto é, se
contarmos os minutos iniciais em que, com cara de confusão mental, os
integrantes tentavam desesperadamente arrumar o som, aparentemente
lutando contra sua complexa aparelhagem, que incluía seqüenciadores,
teclados, guitarras e inúmeros pedais de efeitos.
Vencidas as
dificuldades, o trio formado pelos multi-instrumentistas Avey Tare,
Panda Bear e Geologist iniciou uma impactante sessão de manipulação
sonora que nos 50 minutos seguintes massacraria os ouvidos do público,
chegando perto de induzir estados alterados de consciência nos mais
sensíveis. A psicodélica mistura de instrumentos analógicos e
eletrônicos com vocais emocionantes e muito barulho se mostrou mais
eficaz e energética ao vivo do que nos discos.
O público,
bastante expressivo, quase encheu o ambiente coberto do palco indie e,
contemplativamente, assistiu sem muito movimento ou cantoria à
apresentação, o que era de se esperar diante da música "viajante"
executada pelo coletivo. No entanto, a apresentação terminou sob
aplausos empolgados dos fãs, alguns dos quais eram até capazes de cantar
as incompreensíveis letras.